sábado, 2 de setembro de 2017

Belarmino fala sobre o Unix.


Não se pode dizer que o Unix foi desenvolvido de uma hora pra outra. Mais correto encarar que ele nasceu de um software para outro. O embrião começou a germinar em 1965. Um grupo de desenvolvedores da AT&T (Laboratórios Bell), da General Electric (GE) e do MIT (Massachussets Institute of Technology) começaram a trabalhar num sistema para várias pessoas poderem acessar um mainframe. A computação era assim: havia uns poucos grandes computadores centrais. Eles eram compartilhados entre usuários ligados a terminais que só tinham utilidade operando junto ao mainframe. Um processo conhecido por time sharing.
Esse grupo criou o Multics que chegou a ser implementado, mas se desfez. A Bell saiu em 1969; no ano seguinte a GE foi vendida para a Honeywell, que seguiu operando. Depois o sistema foi distribuído pela Bull.
No Laboratório Bell, Ken Thompson persistiu simplificando o conceito original e reescreveu o código. Chegou ao Unics. Um colega, Brian Kernighan, sugeriu que fosse, então, escrito “Unix”. Nesse período, ainda no Bell, outro grupo desenvolvia a linguagem C e um dos desenvolvedores, Dennis Ritchie, com Ken Thompson, reescreveram o Unix usando a linguagem C, em 1973.
Muita água rolou e, em síntese, a AT&T começou a licenciar o Sistema Unix para os computadores fabricados pela Digital. A linha PDP saía com o sistema de fábrica.Belarmino eslarece:
- Foi tanto o sucesso do PDP, e tão avassalador o avanço, que a Senhora [AT&T], vendo-se acuada, licenciou sua virgindade a algumas Universidades. De cada Universidade saía versões adaptadas: Bekerley, Stanford, universidades no Canadá, etc.
No Brasil, ditadura, a Digital aportou no início dos anos 1970. Seu presidente era Fred Waked ex-colega da Burroughs. A Digital concentrou esforços para vender nas nascentes  empresas de processamento de dados estatais e em todos os “Brás”.
Tinha opções suas de sistema operacional proprietário, mas o imbatívelUnix com o C estava proibido pela reserva de mercado.
Para Resumir, o professor Linaldo Cavalcante e a equipe da Universidade Federal da Paraíba, pessoa de minha admiração, importou dois PDP-11 e deixou a Digital Brasil a chupar chuchu.
Mas faltava o Unix que só a Digital vendia sob licença da AT&T. E comprar como, se era proibido pelo governo, além de caro?
Em 1980 eles deram um nó na cobra e trouxeram um professor canadense com uma cópia licenciada do Unix Original!

Enquanto isso, em Pernambuco...

 
Cliente da Elógica usa um Brascom. Recife,1984.
- Em 1983, inauguramos nossa loja pioneira no nordeste,
Elógica Micro Sistemas Ltda. Vendemos computadores Brascom rodando Linux em Z80 de 64 bits.
Resumindo: Eu apoiei a reserva de mercado até 1988 quando, olhando a gang da Elebra (Rio Grande do Sul), da SID (São Paulo, Mathias Machline), da Cobra (governo) e da Edisa (Porto de Santos), descobri como tentaram sufocar e enganar a todos numa luta inglória de criar chip próprio do AT. (Esse é outro episódio a ser esclarecido em seguida).
Em 1988, depois do famigerado Plano Cruzado, briguei e desci a lenha com gosto de gás em cima do grupo que mantinha a reserva. Esculhambava com tudo. Minha grande amiga e incentivadora Cristina Tavares, ficou muito ressentida comigo. Morreu sem fazermos as pazes. Sinto muito.
Criamos a máquina Corisco rodando um CP/M em máquinas com 256KB (o CP/M só existia para 64 KB) e rodando Mumps, tínhamos o código fonte.
Saímos da crise do Cruzado e crescemos violentamente, sem a benção da Secretaria Especial de Informática (SEI, órgão que fiscalizava a reserva de mercado).
Em 2002 criamos os servidores Corisco e vendemos o maior Mainframe do Nordeste. Mas, é outra história que termina em abril/2002, com a venda da Internet Elógica.

Um comentário: