terça-feira, 19 de setembro de 2017

Status atual do "Último Corisco" em 19 de setembro de 2017

Em 2016, Belarmino, na sala "Corisco", no prédio da Elógica
A primeira vez que entrei no escritório de Belarmino Alcoforado, na Elógica, foi em outubro de 2016, para entrevistá-lo. Era repleto de coisas por todos os cantos, em cima das mesas, das cadeiras, pelos cantos, no chão. Placas de rede, partes de caixinhas de MDF, peças, cabos, quadros. Ele saiu para me receber no estacionamento e, antes de qualquer coisa, mostrou a “Artesão Digital”, empresa para a qual se dedicava, então. Cortes à laser, personalizados, em chapas MDF, conforme projetado no programa Corel Draw. Um catálogo de produtos era o portfólio para encomenda: fabricação de produto e venda. Fomos conhecer outro empreendimento, o “LivroRápido”, uma editora por demanda, para pequenas ou médias tiragens. 
A conversa que eu planejava ter com Belarmino naquele dia não seria sobre o presente, mas sobre o passado. Sintetizava-se em uma palavra: “Corisco”, o primeiro computador pessoal totalmente produzido no Norte e Nordeste, colocado à venda em 1983. O entrevistado surpreendeu-me com histórias de computadores ainda mais antigas. Aos 21 anos, em 1968, ele operou um mainframe Burroughs, instalado na Equipe Planejamento e Assessoria, um bureau de processamento de dados em Recife.
O nome “Corisco” vinha abaixo de “Belarmino Alcoforado”, na placa de identificação pregada na porta do escritório. Ali pulsava, ainda, o coração do temido cangaceiro, fonte infindável de ideias e inovações.

Mucky Telly Savalas
Quase um ano depois, retorno ao local e quem vem ao meu encontro é Mucky Telly Savalas. Um descendente de polonês, robusto e careca tal qual o Kojak, o famoso detetive do seriado americano dos anos 1970. Mucky é apelido; Telly Savalas foi por minha conta. Seu nome de fato é Erharrd Cholewa Júnior. Trabalha há mais de 25 anos com Belarmino e está à frente da nova Artesão Digital em Pernambuco; a empresa mudara o foco. Transformou-se em uma emergente empresa de software, voltada para o artífice. O produto final não é mais seu objetivo e, sim, o processo de produção.
Como explicou Mucky Telly Savalas:
- Depois de alguns anos com a Artesão Digital, observamos que a maior dificuldade para os artesãos está em fazer o projeto. Qualquer peça, qualquer móvel, para ser cortado, precisa de um “roteiro” com as medidas de cada peça, encaixes, se tiver, prateleiras, etc. Com esse projeto em mãos, o artesão pega uma serra tico-tico, um metro e corta a folha de MDF. Quem investiu um pouco mais e tem uma máquina de corte à laser, insere pelo computador as medidas ou planta do projeto na máquina e ela faz o trabalho. É aí onde vai entrar a nova Artesão Digital.
O software que Francisco, sobrinho de Belarmino, e ele mesmo (no início) estão construindo irá transformar em planta a peça ou o móvel que a pessoa está imaginando ter. Personalizado. O cliente entra no site, escolhe um artífice na localidade onde mora, insere as medidas da peça a ser feita e o software entrega para o artífice a planta do produto com as medidas e o formato de cada parte. Se o artífice tem um equipamento à laser, basta encaminhar o arquivo e “paunamáquina”.
Essa é a nascente ideia a ser desenvolvida. Segundo Mucky e Francisco, a etapa mais custosa e difícil para o artesão, o projeto, será suprida pelo programa que já tem nome: “Mosaico”. Os testes, as provas, o desenvolvimento de código são feitos, por enquanto, no prédio da Elógica, em Peixinhos, bairro de Olinda que faz divisa com Recife.
Contudo, a plaquinha não está mais na porta da sala. O “Corisco” se mudou para João Pessoa em janeiro, de onde impulsiona as ideias. Propulsão sanguínea e de alma. Belarmino recupera a saúde aos poucos, mas jamais perdeu a capacidade criativa e inovadora.

Estágio atual do projeto “o Último Corisco”:
- Captação de recursos – investimentos para a arrancada inicial.
- O fator empreendedorismo social é, sem dúvida, premente.
- O ineditismo é. Ponto. Inédito!
- Para quem? Especialmente, para o artífice. De onde uma cadeia produtiva será beneficiada tecnologicamente, desde o cliente.

“Zorba: final satisfatório, de qualquer maneira!” (Palavras que sairiam da boca de Belarmino!)

O primeiro peteleco do Último Corisco

Antes de ser conduzido à sala de cirurgia para colocação da sonda gástrica, J.E.B.A. fez questão de ser fotografado com a “farda” de combate no campo de batalha: touca, camisolão e as devidas conexões vitais — sonda nasal, soro e medicamento. Na hora em que a equipe médica do Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, estava pronta, Belarmino registrava no notebook a seguinte posição (transcrição literal):
“Hoje, estou escrevendo para tornar pública uma decisão que tomei ao sair da UTI do HNSN 22/08/2017, após dois dias de uma UTI super equipada e eficiente no meu Estado da PARAÍBA.
Mesmo assim, um ambiente depressivo, acachapante e liquidante, me fez tomar uma decisão na vida.
Após um escândalo na UTI no dia 21, onde destratei um Fonoaudiólogo que me deixou sem alimentação, passei a noite no quarto sem dormir e amanheci decidido tomando decisões:
Pedi desculpas ao pessoal da UTI e ao fonoaudiólogo.
Colocar uma sonda nasal que 10 dias antes tinha recusado terminantemente à família e a equipe do Dr. (Jesus de Gandara) meu guru do hospital Português de onde tinha obtido alta no dia 15/08/2017.
Chamei a jornalista Marcia Dementshuk e no mesmo dia (22) acertamos uma empreitada sobre “O Último ComRISCO”:
Curto e grosso: até o dia 30/06/2018 chegar a dois finais possíveis:
Sucesso:
Obter uma injeção de Capital numa empresa que se chamará Empuxo de um valor entre R$ 3 a 5 milhões de reais;
Desastre: Não chegar lá;
Encerrar a carreira de 50 anos.
Não deu para terminar. saindo de maca.
Voltei da cirurgia.
Tudo bem, projeto continua.
Emídia, Alcídes, Gerino, Ítalo:
Gostaria que o desastre ou sucesso do último COmRISCO contasse com o apoio do porto digital. Peça para Chico Saboya me ligar segunda-feira.
Finalmente: A cada dia no blog da Márcia Dementhusk sairá relatos a partir do andamento do projeto. Também sairão flashs sobre momentos das empresas que criamos e de minha vida pessoal.
Se for um desastre veja o final do filme “Zorba — o grego”. Vou comemorar.
Abs, Belarmino.
No dia em que saiu do hospital, 28 de agosto, Belarmino enviou um e-mail para o diretor-presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, informando seus planos e solicitando apoio para aquilo que chamou, à princípio, de “Último Projeto”. Saboya está à frente do parque tecnológico desde 2007 e conhece bem o modo intenso e inventivo da atuação de Belarmino. Dois dias depois, responde a mensagem, comunicando que estava em viagem à China e retornaria dia 11 de setembro, a partir de quando daria plena atenção ao Último Corisco: “Será uma grande satisfação ter você aqui entre nós”.
Maravilha, o foguete aquecendo os motores. Márcia já estava registrando a jornada em terras paraibanas. Faltava um contato no Recife, com aptidão para registrar o andamento do projeto naquela cidade. Emídia Felipe. Jornalista e empreendedora na EuEscrevo. Belarmino a conheceu no início deste ano, quando ela gravou depoimentos para um projeto do Softex Recife sobre o setor de Tecnologia da Informação em Pernambuco. Missão aceita, agora é hora de fazer a colimação, como diz Belarmino. Estamos mirando no alvo. Acertaremos ou não?
Hoje é 11 de setembro
Vale muito a lembrança. Em 2001, o bode com um chifre insigne entre os olhos prevaleceu sobre o carneiro de dois chifres, um mais alto do que o outro. Estudiosos anunciaram o cumprimento da profecia bíblica do livro de Daniel, profeta do Antigo Testamento, quando duas aeronaves foram sequestradas e arremessadas contra as torres do Trade Center, nos Estados Unidos.

Duras lembranças daquele 11 de setembro. Foto: Wikimedia
O terror se instalava nos lares americanos e deixava perplexas outras nações. Nessa época, Belarmino discorreu, a partir do episódio, sobre uma nova ordem virtual. Escreveu em “Carcinha — a Biografia a ser publicada”, texto concluído em 2003:
“Inicio pensando sobre o 11 de setembro. O poder de fogo de um pequeno grupo para sequestrar e jogar aviões contra prédios símbolos do poder.
Lembrei-me dos anos 70, de Hermann Kahn, um gordo de 200 quilos, do Instituto Remington, na época da Guerra Fria. No auge dos sequestros de avião, Hermann sugeriu ao presidente dos Estados Unidos: derrube o primeiro que for sequestrado que, com alguns derrubados, os sequestros encerram. Israel adotou a solução e não contempla com terroristas. O Brasil adotou parcialmente e metralhava os trens de pouso de qualquer avião sequestrado.
Mas a minha pergunta vai na seguinte direção: Já pensaram no terrorismo de feras acuadas de altíssimo poder como os EUA em recessão?
Eu leio todos os livros de Tom Clancy. Com a queda das torres fui buscar em “Dívida de Honra” e “Ordens do Executivo” a viabilidade. Eu não acreditava na ocorrência de 11 de setembro, mas o Tom Clancy colocou um personagem piloto de um 747 que se joga contra o congresso americano matando o presidente e a maioria dos congressistas.
(…)
A sociedade capitalista tem como pressuposto básico o contínuo processo de criação/destruição do estabelecido. Hoje você compra um Celta pela Internet. Como a lei brasileira protege o revendedor, o Celta tem que ser comprado na concessionária. Claro que a GM gostaria de vender o Celta direto a você. A esta altura toda uma engrenagem se move financiando senadores e deputados para mudar o estabelecido.
Vai chegar um dia em que o cartório do revendedor de automóveis será rompido. E também vai chegar um dia, como ocorreu com a IBM, com os seus 450 mil empregados reduzida a 250 mil. Isso está num livro chamado “Deep Blue”, gente se suicidando…
Minha opinião resumida sobre o 11 de setembro é que haverão outros, inclusive novos sequestros de aviões.
(…)
No lado da informação: quando eu comecei a empresa de software e processamento de dados Pitaco, em 1976, computador valia 400 mil dólares e agenciar informação era uma fortuna; hoje estão nas mãos de todo mundo. O boato corre rápido, mas o desmentido também. É o problema da velocidade relativa.
(…)
O olho da tecnologia é muito útil no controle da criminalidade. O perigo é quando o criminoso é mais avançado em tecnologia.
Vamos ter que conviver com a invasão de privacidade. Um dos benefícios do meu câncer foi deixar de tomar remédios para pressão. Diminuí trinta e quatro quilos. Eu tomava um remédio de pressão chamado Tenoretic. O preço do remédio: R$ 40,00. Suponha que, nessa sociedade pós−capitalista, eu vá à farmácia, compre um Tenoretic, com meu cartão de crédito. Nisso eu já deixei meu nome com o dono da farmácia. Ela possui um cadastro da Receita comprado de muamba na Santa Ifigênia em São Paulo. Descobre meu endereço e pode me ofertar o remédio na data.
O poder tem que ser recíproco. As pequenas comunidades têm que montar estruturas de compra de remédios para forçar as fábricas a baixar o preço.
A Internet deixou todo mundo nu. Hoje [em 2003] o laboratório em que se faz exame nos últimos cinco anos manda pro convênio todas as suas requisições e disponibiliza os laudos dos seus exames. Isso é invasão de privacidade?
Quando você contrata o plano de saúde no seu contrato está escrito que tem que pedir a bênção a cada exame. Vamos olhar de novo o lado segurança. Estamos discutindo uma segurança que já invadiu sua privacidade. (…)
O ditame mais apropriado para os tempos atuais é: Temos que nos acostumar a andar nus.
(…) Esse lado segurança está hoje [2003] mais divulgado, mas o seu banqueiro sempre soube como andavam as suas contas.
O homem, como uma empresa, tem função social, existem leis, as leis vão ter que ser mudadas, os prontuários das carteiras vão tornar você mais vulnerável, mas eliminarão também muita fraude. Tudo tem o seu obscurantismo e o seu iluminismo. Siga o caminho do dinheiro, lá sempre está o vencedor.”

Embora escrito há quase quinze anos, tanto o sinistro jogo de poder do terrorismo, quanto a polêmica da privacidade, potencializada com a Internet, continuam em amplo debate em nações pelo mundo.

Também na pauta, essa restrita à J.E.B.A. e apontando para um futuro próximo, está o último projeto a ser remetido ao Porto Digital.

*Colaboração especial de Emídia Felipe neste texto.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O ricochete do cangaceiro


Há vários meses Belarmino tem sofrido com uma intercorrência de pneumonia aspirativa. Quando voltou a morar em João Pessoa, em janeiro de 2017, tinha surtos de febre. Desde o ano passado a alimentação era pastosa ou líquida, por ter dificuldade em mastigar e engolir, consequência das fortes sessões de radioterapia, na época em que combateu o câncer. Por volta de abril, tratou uma pneumonia em casa e foi curada. Mas em junho e julho, sofreu outra infecção nos pulmões e teve que ser internado. Foi para o Hospital Memorial São Francisco, montou um escritório, onde trabalhou por onze dias. Aluguel caro: quarenta mil reais. Sem plano de saúde, resolveu acionando suas economias.
Ao se despedir daqueles a quem cativou em pouco tempo, o médico Italo Kumamoto, fundador do hospital, veio cumprimentar-lhe. Belarmino falou-lhe, sinceramente:

- Doutor Kumamoto, eu sou empresário há mais de 40 anos e uma empresa tem que ter alma. Alma é a equipe; e sua equipe é nota 10. Mantenha a alma de seu hospital.

O depoimento foi postado no Facebook e, rapidamente, mais de 80 pessoas deixaram mensagens. Desde 1976, quando montou sua primeira empresa, Belarmino teve cerca de 4.500. Jamais sofreu uma questão trabalhista.

Elogio e cacetada, por merecimento.

Em 1983 Belarmino montou a primeira revenda de microcomputadores do Norte e Nordeste, a Elógica Micro Sistemas Ltda. O nome foi sugestão do sócio Antonio Dieudoné Pascoal Camargo, parceiro desde 1981. Outro que andava lado à lado, no bando, era Mivacyr Meira Lima, pessoa fundamental na trajetória empresarial de Belarmino, por mais de 35 anos.
Arquivo pessoal de J.E.B.A.
Eles alugaram uma casa vizinha de outra empresa de Belarmino, na Rua da Hora, 88, no Bairro do Espinheiro, em Recife. Reformaram em tempo recorde, inauguraram com pompa e circunstância e montaram uma escola só para cursos de informática, onde podia se encontrar turmas para crianças.
Um dos produtos da loja eram os microcomputadores da Brascom Computadores Brasileiros. Fundada em 1980 e adquiriu autorização da Secretaria Especial de Informática (SEI) para começar a fabricar micros em 1982.
Certa vez, a Elógica comprou um grande lote de micros BR-1000, que já estavam praticamente revendidos. Pagou, mas “quase” não recebeu a encomenda. Uma história que Mivacyr se divertiu ao lembrar:

- Depois de nos ter vendido uma boa quantidade de computadores, através do sr. Manfredini, o gerente para nossa região, o dono da Brascom, Sr. Jorge, anunciou que ia fechar a empresa por dificuldades financeiras, (gastou o dinheiro de forma não muito legítima, pelo menos se comentava nos corredores da Brascom). Ora, a empresa sendo dele mesmo, claro, ele podia fazer o que achasse melhor; mas tinha que dar alguma condição aos clientes compradores daqueles equipamentos, ou seja, nos fornecer peças de reposição ou pelo menos os endereços dos seus fornecedores nos Estados Unidos. O Sr. Jorge negou.
Belarmino mandou comprar duas passagens, corujão, e fomos a São Paulo. A coisa engrossou e no gabinete do "importante" Sr. Jorge. Belarmino partiu pra cima, ao ponto de querer jogar um enorme aquário. Imagine eu, baixinho, no meio dos dois sem nada conseguir com este meu físico!

Belarmino não perde a chance de completar:

- O governo havia feito uma grande desvalorização do dólar. A inflação era galopante. Chegamos pela manhã na luxuosa sede da Brascom, no Morumbi, ao lado da Kodak. O dono chegou ao meio dia. Nos atendeu junto com a diretoria às 14 horas. Levantei na suntuosa sala e fui dizendo: “Você vai me entregar as máquinas, ou vou lhe encher de porrada.” Fui na sua direção e ele começou a me falar de educação. Eu estava decidido. Alguns diretores tentaram se levantar, eu dei um berro e botei a mão no bolso imitando uma arma. Continuei, dei mais alguns passos e ele disse: “Entrego na saída”. Táxi. Aeroporto. Recife. Todos meus clientes foram atendidos.


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Fontes: Depoimentos de dona Celeide, esposa de Belarmino; Mivacyr; e Belarmino. “Carcinha – a biografia a ser publicada”. “A reserva de mercado na área de informática da década de 70 / 80”. Reinaldo Bogomolow. Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. 2006.

sábado, 2 de setembro de 2017

Belarmino fala sobre o Unix.


Não se pode dizer que o Unix foi desenvolvido de uma hora pra outra. Mais correto encarar que ele nasceu de um software para outro. O embrião começou a germinar em 1965. Um grupo de desenvolvedores da AT&T (Laboratórios Bell), da General Electric (GE) e do MIT (Massachussets Institute of Technology) começaram a trabalhar num sistema para várias pessoas poderem acessar um mainframe. A computação era assim: havia uns poucos grandes computadores centrais. Eles eram compartilhados entre usuários ligados a terminais que só tinham utilidade operando junto ao mainframe. Um processo conhecido por time sharing.
Esse grupo criou o Multics que chegou a ser implementado, mas se desfez. A Bell saiu em 1969; no ano seguinte a GE foi vendida para a Honeywell, que seguiu operando. Depois o sistema foi distribuído pela Bull.
No Laboratório Bell, Ken Thompson persistiu simplificando o conceito original e reescreveu o código. Chegou ao Unics. Um colega, Brian Kernighan, sugeriu que fosse, então, escrito “Unix”. Nesse período, ainda no Bell, outro grupo desenvolvia a linguagem C e um dos desenvolvedores, Dennis Ritchie, com Ken Thompson, reescreveram o Unix usando a linguagem C, em 1973.
Muita água rolou e, em síntese, a AT&T começou a licenciar o Sistema Unix para os computadores fabricados pela Digital. A linha PDP saía com o sistema de fábrica.Belarmino eslarece:
- Foi tanto o sucesso do PDP, e tão avassalador o avanço, que a Senhora [AT&T], vendo-se acuada, licenciou sua virgindade a algumas Universidades. De cada Universidade saía versões adaptadas: Bekerley, Stanford, universidades no Canadá, etc.
No Brasil, ditadura, a Digital aportou no início dos anos 1970. Seu presidente era Fred Waked ex-colega da Burroughs. A Digital concentrou esforços para vender nas nascentes  empresas de processamento de dados estatais e em todos os “Brás”.
Tinha opções suas de sistema operacional proprietário, mas o imbatívelUnix com o C estava proibido pela reserva de mercado.
Para Resumir, o professor Linaldo Cavalcante e a equipe da Universidade Federal da Paraíba, pessoa de minha admiração, importou dois PDP-11 e deixou a Digital Brasil a chupar chuchu.
Mas faltava o Unix que só a Digital vendia sob licença da AT&T. E comprar como, se era proibido pelo governo, além de caro?
Em 1980 eles deram um nó na cobra e trouxeram um professor canadense com uma cópia licenciada do Unix Original!

Enquanto isso, em Pernambuco...

 
Cliente da Elógica usa um Brascom. Recife,1984.
- Em 1983, inauguramos nossa loja pioneira no nordeste,
Elógica Micro Sistemas Ltda. Vendemos computadores Brascom rodando Linux em Z80 de 64 bits.
Resumindo: Eu apoiei a reserva de mercado até 1988 quando, olhando a gang da Elebra (Rio Grande do Sul), da SID (São Paulo, Mathias Machline), da Cobra (governo) e da Edisa (Porto de Santos), descobri como tentaram sufocar e enganar a todos numa luta inglória de criar chip próprio do AT. (Esse é outro episódio a ser esclarecido em seguida).
Em 1988, depois do famigerado Plano Cruzado, briguei e desci a lenha com gosto de gás em cima do grupo que mantinha a reserva. Esculhambava com tudo. Minha grande amiga e incentivadora Cristina Tavares, ficou muito ressentida comigo. Morreu sem fazermos as pazes. Sinto muito.
Criamos a máquina Corisco rodando um CP/M em máquinas com 256KB (o CP/M só existia para 64 KB) e rodando Mumps, tínhamos o código fonte.
Saímos da crise do Cruzado e crescemos violentamente, sem a benção da Secretaria Especial de Informática (SEI, órgão que fiscalizava a reserva de mercado).
Em 2002 criamos os servidores Corisco e vendemos o maior Mainframe do Nordeste. Mas, é outra história que termina em abril/2002, com a venda da Internet Elógica.